RPlenária 1Marrakesh, 13 de Outubro – Intervindo na Reunião Plenária em Marrakesh, Kristalina Georgieva questionava sobre as acções que nos irão ajudar a escrever uma história para os próximos 50 anos.

Georgieva, de olho no futuro, estruturou a resposta a essa questão em 2 grandes blocos e caminhos, nomeadamente, investimento em bases económicas sólidas e investimento na cooperação internacional.

No que se refere ao investimento em bases económicas sólidas Georgieva fez referência a estabilidade de preços como fundamental e um pré-requisito para o crescimento, protecção das pessoas, especialmente os pobres.

Uma política fiscal prudente é mais importante do que nunca, afirmou a Directora Geral do FMI, porque a dívida e os défices são bem acima dos níveis pré-pandêmicos. Chegou a hora de restaurar o espaço fiscal. Isso significa decisões difíceis para os governos, disse.

As questões de boa governação, combate a corrupção e regulamentação simplificada continuam parte da agenda para o futuro na visão do FMI. As Reformas para impulsionar o comércio e melhorar acesso ao capital. O pacote certo de reformas poderia aumentar os níveis de produção até 8% em quatro anos, segundo estudos do FMI.

Georgieva colocou a mobilização de recursos internos com um enorme potencial, tendo afirmado que estudos do FMI mostram que as reformas fiscais por si só poderiam acrescentar até 5% do PIB em receitas para mercados emergentes – e até 9% para países de baixo rendimento. O FMI tem estado a priorizar assistência técnica aos países nesta área.

O financiamento externo, evidentemente, continua a ser crítico. As economias avançadas partilham uma responsabilidade, bem como um interesse comum, em apoiar os países emergentes e em desenvolvimento países, enfatizou a Directora Geral do Fundo.

Em termos de Investimento na Cooperação Global, segundo pilar abrangente, a Directora do FMI, focalizou o trabalho conjunto no espírito dos Princípios de Marrakesh. Em cima da Mesa estão dois assuntos, reestruturação da dívida e segurança da rede financeira global.

No que se refere as alterações climáticas, o FMI lançou o mais novo instrumento – Resilience and Sustainability Trust (RST) uma janela de recursos acessíveis e de longo prazo para países vulneráveis ​​de baixo e médio rendimento para áreas de adaptação,   construção de resiliência.

A Directora Geral enfatizou ainda o facto de o FMI estar a trabalhar com os  membros economicamente mais fortes para canalizar uma parte significativa dos seus Direitos Especiais de Saque (SDR) para membros mais vulneráveis, o que gerou até agora cerca de 100 mil milhões de dólares em novos financiamentos através de fundos fiduciários, especialmente o Fundo de Crescimento e Redução da Pobreza (PRGT) e o Fundo de Sustentabilidade de Resiliência.

Finalizando a sua intervenção, focalizou os aspectos de constituência do FMI, tendo dito que “devemos continuar a trabalhar no sentido de adaptar a nossa estrutura de governação para melhor representar os nossos membros e as mudanças dinâmicas na economia global. A possibilidade de adicionar um terceiro Presidente para África ao nosso Conselho Executivo é bem-vinda passo na direção certa”.

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, reconheceu os desafios enfrentados pelo Mundo em rápida mudança e apelou à colaboração entre os países. Expressando a sua preocupação com o declínio do progresso na luta contra a pobreza, o Presidente do Banco Mundial também apontou para a crise climática existencial, a insegurança alimentar e o impacto dos conflitos em todo o mundo, como a guerra em curso entre Israel e o Hamas.

Um dos pontos-chave do discurso de Banga foi o declínio do crescimento económico no mundo em desenvolvimento. Salientou que o crescimento económico tem caído de 6% para 5% ao longo de duas décadas e está no bom caminho para apenas 4% nos próximos sete anos. Banga destacou as consequências sombrias disto, com cada ponto percentual perdido empurrando milhões para a pobreza

O discurso também enfatizou a importância de focar nas mulheres e nos jovens, especialmente na força de trabalho. Banga apelou à igualdade de género e ao emprego dos jovens, reconhecendo os desafios demográficos enfrentados pelo Sul Global.

Banga também revelou a nova visão e missão do Banco Mundial — criar um mundo livre de pobreza num planeta habitável. Sublinhou a urgência desta missão e destacou a necessidade de abordagens inovadoras para financiar um mundo diferente, onde se prepara uma "tempestade perfeita" de alterações climáticas, consequências pós-pandemia e pobreza.

Enfrentamos um declínio no progresso na nossa luta contra a pobreza, uma crise climática existencial, insegurança alimentar, fragilidade, uma recuperação pandémica incipiente e estamos a sentir os efeitos dos conflitos para além da frente”, disse Banga. “Uma tempestade perfeita de desafios interligados e complexidade geopolítica que, em conjunto, exacerbam a desigualdade.”

Além disso, Banga discutiu a importância da colaboração com o Sector Privado para mobilizar recursos e impulsionar o progresso sustentável. Ele descreveu as iniciativas do Banco Mundial, como o Laboratório de Investimento do Sector Privado, que visa aumentar o investimento privado em energias renováveis ​​e a transição energética nos países em desenvolvimento.

Embora não tenhamos todas as respostas agora, e aqueles para quem estamos trabalhando levarão tempo, temos desejo, energia e foco”, disse Banga.

O discurso terminou com um apelo à acção, instando os governos, os accionistas e as entidades filantrópicas a intensificarem e apoiarem os esforços do Banco Mundial. Banga enfatizou a necessidade de uma abordagem nova e simplificada que se concentre em alcançar impacto em grande escala.

O plenário também contou com a presença do Ministro das Finanças da Ucrânia, Sergii Marchenko.